Os erros mais frequentes que os revisores weScribe “apanham” nas transcrições são aqueles provocados pela mudança com o Novo Acordo Ortográfico.
O acordo foi assinado em 1990 e a verdade é que ainda está envolto em polémica e dúvidas.
Entendemos que isto aconteça. A língua está enraizada em nós e as mudanças custam a ser absorvidas.
Por isso, neste artigo, dividido em duas partes, deixamos ficar um resumo sobre o Novo Acordo Ortográfico, incluindo as principais mudanças, os erros mais cometidos e dicas para os evitar.
1. QUAIS OS MOTIVOS QUE LEVARAM À ADOÇÃO DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO?
O AO foi assinado em Portugal por este país e Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, tendo Timor-Leste a ele aderido em 2004, após se ter tornado independente.
O objetivo foi claro: unificar a ortografia da língua portuguesa entre os países lusófonos, pondo assim fim à existência de duas normas ortográficas oficiais divergentes:
- uma no Brasil; e,
- outra nos restantes países de língua oficial portuguesa.
Dessa forma, contribui-se (nos termos do preâmbulo do Acordo) para aumentar o prestígio internacional da língua portuguesa.
2. QUANDO ENTROU OFICIALMENTE EM VIGOR EM PORTUGAL?
Apesar de ter sido assinado em 1990, a reforma ortográfica só começou a ser efetivamente implementada no dia 13 de maio de 2009.
De facto, para ajudar na adaptação às novas regras estipulou-se um período de transição que começou então em maio de 2009 e terminou em 2015. A partir dessa data tornou-se oficialmente obrigatório, em Portugal, o uso do novo Acordo Ortográfico.
3. O QUE MUDOU – ESSENCIALMENTE – COM A REFORMA ORTOGRÁFICA?
A. O alfabeto
O alfabeto passa a ter 26 letras com a institucionalização do K, W, Y. Estas letras são usadas em:
- antropónimos de línguas estrangeiras (exemplo: Darwin);
- topónimos de línguas estrangeiras (Kuwait);
- siglas, símbolos e unidades de medida internacionais (kg, km, watt);
- palavras de origem estrangeira, de uso corrente.
Nota: é recomendado que os topónimos sejam usados na sua forma vernácula sempre que esta exista. Ou seja, por exemplo, devemos escrever Nova Iorque em vez de New York.
B. Maiúsculas e minúsculas
Passam a escrever-se com inicial minúscula:
- Meses do ano;
- Nome dos pontos cardeais e colaterais – note-se, no entanto, que a inicial maiúscula se mantém quando o ponto cardeal ou colateral é representado por abreviatura (ex. “A casa fica para NE) ou quando em causa estão nomes de regiões (ex. “Vamos passar férias ao Sul do país);
- Estações do ano.
É opcional a escrita em maiúscula ou minúscula:
- Títulos de livros. No entanto, quando se opta pela grafia minúscula, a primeira palavra do título deve iniciar-se sempre com maiúscula;
- Nomes de disciplinas, áreas do saber, logradouros públicos, monumentos e edifícios (ex. português ou Português; avenida da liberdade ou Avenida da Liberdade);
- Formas de tratamento (ex. senhor doutor ou Senhor Doutor).
Nota: quando o nome de lugares públicos, monumentos ou títulos de livros contêm um nome próprio este escreve-se em maiúscula (ex. mosteiro dos Jerónimos).
C. Supressão ou manutenção das duplas consoantes: cc; cç; ct; pt; pc; pç
Regra | Exemplo |
Supressão das consoantes que nunca são verbalizadas em nenhuma pronúncia da língua. | Ação e não acção; Adotar e não adoptar; Diretor e não Director |
Quando existe oscilação de pronúncia, conforme as zonas geográficas, as duas grafias são possíveis. | Apocalíptico/ apocalítico; característica/ caraterística; |
Manutenção das consoantes que são sempre verbalizadas em todo o espaço geográfico da Língua Portuguesa. | Compacto, ficção, rapto, núpcias, convicto, bactéria; facto; pacto; |
D. Acentuação gráfica
1. Eliminação de acentos em algumas palavras homógrafas graves (que se escrevem da mesma forma):
Antes do AO | Com o AO |
Pára – do verbo parar | Para – do verbo parar Para – preposição |
Pêlo – substantivo Pélo – do verbo pelar | Pelo – substantivo Verbo pelar – pelo Pelo – contração |
Péla – do verbo pelar | Pela – verbo pelar Pela – contração |
2. Eliminação de acentos nos verbos da segunda conjugação, na terceira pessoa do plural, no presente do indicativo:
Antes do AO | Com o AO |
Lêem | Leem |
Crêem | Creem |
Vêem | Veem |
Chamamos a atenção que no caso do verbo pôr mantém-se o acento para o distinguir da proposição por;
3. Eliminação de acentos nas palavras graves (acentuadas na penúltima sílaba) com ditongo oi em posição tónica
Exemplos:
- Jiboia e não jibóia;
- Espermatozoide e não espermatozóide;
- Asteroide e não asteróide.
Tenha ainda em atenção o seguinte:
- Heroico perde o acento, mas herói continua a ser acentuado, uma vez que é uma palavra aguda;
- Os nomes das localidades também são alterados com o AO (Exemplo: Troia e não Tróia);
- É facultativo o acento nas formas verbais terminadas em –ámos (verbos terminados em –ar) (Ex. Entregámos OU entregamos);É facultativo o acento em dêmos.
E. Hífen: supressão ou colocação
Colocação de hífen: | |
Regra | Exemplo |
Quando o segundo elemento: começa por h; começa pela mesma vogal ou consoante que o elemento anterior | Anti-higiénico; Anti-ibérico; Hiper-resistente |
Com os prefixos pré, pró, pós quando o segundo elemento tem significado autónomo | Pós-guerra; Pré-natal; Pró-americano |
Com os prefixos ex, vice, sota, vizo | Ex-marido; Vice-presidente |
Em palavras que designam espécies botânicas ou zoológicas | Couve-flor; feijão-frade; abóbora-menina; beija-flor |
Na ênclise e tmese (pronomes pessoais e reflexos que se seguem ao verbo ou o intercalam) | Amá-lo-ei; Dar-lhe-ei; Partir-lhe. |
Supressão de hífen: | |
Regra | Exemplo |
Com a preposição “de” a seguir à forma verbal monossilábica do presente do indicativo do verbo haver | Hei de; Hás de; Hão de. |
Quando o prefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por vogal diferente | Antiaéreo; autoestrada; agroindustrial |
Quando o prefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por consoante | Agropecuária; infetocontagioso |
Quando o prefixo termina em vogal e o elemento começa por r ou s, devendo duplicar-se a consoante | Antirreligioso; autorrádio; autosserviço |
Com locuções substantivas, adjetivas, pronominais, etc. | Fim de semana e não fim-de-semana; cor de vinho e não cor-de-vinho; dia a dia e não dia-a-dia. |
Atenção: continua a escrever-se cor-de-rosa
Posto isto, surge a questão: como evitar os erros ortográficos agora que as regras mudaram?
É só clicar aqui que nós ajudamos.
Ah! E até lá baixe o nosso infográfico com o resumo dos resumos deste novo acordo ortográfico (Basta clicar para ver)