Aquando da elaboração e revisão de transcrições encontramos, algumas vezes, palavras como pertencentes ao género feminino quando é masculino, e vice-versa.
Apesar de assumirmos que os lapsos de escrita/erros aquando da transcrição ocorrem necessariamente, a verdade é que nestes casos raras vezes a culpa é do/a transcritor/a: é transcrito como foi dito pelo interveniente e, nem sempre sendo lícito corrigir erros de expressão oral, transcreve-se da maneira que foi dito, ou seja, com erro.
Estes erros são frequentes em 2 situações:
- Quando as palavras têm origem estrangeira (hambúrguer, musse, champanhe); ou,
- Quando a palavra não termina com a vogal A (em que normalmente não há dúvidas de que é feminino) ou na letra O (que normalmente é masculino).
Decidimos por isso pôr à prova os seus conhecimentos no quiz que segue, explicando, logo depois, se a palavra é do género feminino ou masculino.
Feminino ou Masculino?
Selecione qual a frase correta nas perguntas seguintes.
Seja qual for o resultado que obteve veja aqui a explicação de cada uma:
1. Uma entorse ou um entorse?
Entorse designa uma lesão nos ligamentos que envolvem as articulações. É um substantivo feminino que entrou na língua portuguesa pela palavra francesa entorse, também feminina. Logo, é A entorse e não O entorse.
Confira os seguintes exemplos:
- “Fiz uma entorse e, portanto, não vou ao ginásio hoje.”
- “Esta entorse não há meio de passar.”
- “Ainda te dói o tornozelo por causa da entorse?”
Repare, no entanto, que, no Brasil, entorse é do género masculino, por isso é O entorse.
- “Fiz um entorse quando caminhava.”
Note ainda que:
É frequente a palavra entorse ser mal pronunciada ou dita de forma errada. Na verdade, já a ouvimos na variante de entrose e entorsre.
Saiba, no entanto, que entrose é uma conjugação do verbo entrosar que significa “engrenar; engranzar; endentar (rodas entre si)”
2. Uma alface ou um alface?
A palavra alface tem a sua origem na palavra em árabe al-hassa e é um substantivo feminino e, por isso, a forma correta é “A alface” e não “O alface”.
Exemplo: “Esta alface está tão viçosa!”
Repare, no entanto, o seguinte:
- Diz-se “A alface” (género feminino) para nos referirmos às folhas da planta usadas em salada.
- Diz-se, no entanto, “O pé de alface” (género masculino) enquanto o conjunto das folhas. Por exemplo: “Não te esqueças de regar este pé de alface.”
Note ainda que:
É frequente o uso desta palavra para dizer que alguém tem um ar vigoroso, animado, sadio. Para tal recorre-se à expressão “estar fresco que nem uma alface”.
Exemplo:
- “Acordou fresco que nem uma alface.”
Do mesmo modo, também também é frequente o uso da expressão “alfacinha” para se referir aos lisboetas (naturais ou habitantes de Lisboa). Neste caso, a palavra alfacinha é um adjetivo de dois géneros.
Exemplo:
- “Nascido e criado em Lisboa sou um alfacinha de gema e com muito orgulho.”
3. A febre ou o febre?
Febre, enquanto substantivo, significa um estado patológico caracterizado por aumento de temperatura no sangue (geralmente acima de 37 graus) aceleração do pulso e inapetência, como reação do organismo a uma doença.
É um substantivo feminino é, por isso, a forma correta é “A febre” e não “O febre”.
Exemplo:
- “A febre é um dos sintomas do Covid-19″.
- Não baixou a febre, temos de ir já para o hospital.
Note ainda que:
Apesar de ser muito frequente o uso da expressão “fazer febre” tal está errado (pode ver mais aqui).
Na verdade, segundo Teresa Álvares “O que faz (provoca) a febre é a doença, o que faz (causa) a gripe ou a virose são os vírus”. Portanto, a forma correta é “ter febre”, “estar com febre”.
4. A arroba ou o arroba?
Arroba é um substantivo feminino que significa:
- Peso antigo de 32 arráteis, ou um quarto de quintal, 14,688 kg (hoje arredondado em 15 kg). Por exemplo “Qual o preço de uma arroba de milho?”
- Nome dado ao sinal gráfico @ usado em endereços eletrónicos antes da indicação do domínio. Por exemplo “[email protected]“
Assim, e sendo um substantivo feminino a forma correta é “A arroba” e não “O Arroba”.
Exemplo:
- “O e-mail não foi enviado porque colocaste a arroba fora do sítio”.
Note ainda que:
Alguns movimentos feministas promoveram o uso do símbolo @ como um substituto “neutro” para se referir a grupos de géneros mistos ou desconhecidos. Ou seja, em vez de se recorrer à forma que tradicionalmente dá “primazia” ao género masculino, substitui-se por @.
Assim, perante a necessidade de se dirigir a um grupo de pessoas (contendo homens e mulheres) em vez de se recorrer a “amigos”, “condóminos”, “moradores”, “candidatos”, “alunos” usa-se “amig@s”, “condómin@s”, “morador@s”, “candidato@s”, “alun@s”.
O objetivo óbvio é evitar que seja dada primazia ao uso do género masculino (que, segundo os defensores deste movimento, é uma forma de machismo) tornando as palavras “neutras”.
5. O TAC ou a TAC?
TAC é a sigla de Tomografia Axial Computadorizada, uma técnica de diagnóstico que usa Raios-X para captar imagens de alta-definição.
A Tomografia Computorizada (TAC) pode fornecer informações detalhadas sobre muitas partes do corpo, incluindo os pulmões, ossos, tecidos moles, coração e vasos sanguíneos.
Sendo um substantivo feminino a forma correta é “A TAC” e não “O TAC”.
Exemplo:
- “Fiz uma TAC e não estou nada bem.”
6. O mascote ou a mascote?
A palavra mascote é um substantivo feminino, proveniente da palavra feminina francesa mascotte, e significa:
- Boa sina, boa ventura;
- Pessoa, animal ou objeto a que se atribui a possibilidade de dar sorte.
A forma correta é, portanto, “A mascote” e não “O mascote”.
Note ainda que:
A palavra mascote pode referenciar um ser masculino ou feminino.
Exemplo:
- “Decidimos que a joaninha ia ser a mascote da equipa.”
- “Sabias que o João é a mascote da turma?”
7. O ênfase ou a ênfase?
A palavra ênfase proveniente do grego émphasis, «aparência; imagem», tem atualmente o sentido de “realce”, “destaque” e significa:
- Tom vigoroso com que se acentua a parte do discurso que deve impressionar o auditório.
- Exageração no tom, na voz, no gesto.
- Destaque atribuído a alguma coisa.
Ênfase é um substantivo feminino por isso a forma correta é “A ênfase” e não “O ênfase“.
Exemplo:
- “A ênfase deve estar na voz e não nos gestos.”
Note ainda que
Frequentemente algumas pessoas esquecem-se de acentuar a palavra ênfase escrevendo enfase.
Neste caso, já não está em causa um substantivo feminino, mas sim uma forma do verbo enfase (que significa provocar enfasamento em).
8. A hambúrguer ou o hambúrguer?
É um empréstimo da língua inglesa (abreviatura de “hamburguer steak”, que significa “bife de Hamburgo”) e mantém o género masculino da língua de origem. Por isso é “O hambúrguer” e não “A hambúrguer“.
Exemplo:
- “Esse hambúrguer tem ótimo aspeto.”
9. A Musse ou o musse (ou mousse)?
A palavra musse é um substantivo feminino que significa uma sobremesa cremosa de chocolate ou de fruta. É de origem francesa e entrou na língua portuguesa no feminino, como sucede na língua original. Logo, a forma correta é “A musse” e não “O musse”.
Exemplo:
- “Não acredito que comeste a musse toda!”
Note ainda que:
É frequente ler a palavra “mousse” em vez de “musse”.
Na verdade, ambas estão corretas uma vez que “Mousse” é a palavra original francesa enquanto “musse” é a forma aportuguesada.
10. A omoplata ou o omoplata?
Omoplata, do grego omopláte, é um substantivo feminino que se refere ao “osso que forma a parte posterior do ombro”. Assim, a forma correta é “A omoplata” e não “O omoplata“.
Exemplo:
- “Não consigo ir ao ginásio hoje porque tenho muita dor na omoplata direita.”
11. A champanhe ou o champanhe?
Não obstante o dicionário Priberam – que utilizamos para consulta das palavras refgeridas neste artigo – definir champanhe como um substantivo feminino ou masculino, a verdade é que, sendo uma palavra de origem francesa (no masculino), entrou na língua portuguesa no masculino, tal como no original.
Por isso, assumimos que pertence ao género masculino sendo “O champanhe” e não “A champanhe”.
Exemplo:
- “Aquele champanhe era muitíssimo bom!”
A língua portuguesa é riquíssima e cheia de nuances. Não é por isso de estranhar que encontremos dúvidas, erros e atropelos à mesma.
Na transcrição verbantim a dúvida acerca do género da palavra não coloca entraves aos transcritores. Transcrevem exatamente como ouvem (certo ou errado). No entanto, numa transcrição em que se pede a supressão e correção de erros de expressão oral as dúvidas podem não só surgir, como os erros por elas provocados também.
Neste caso é de extrema importância que a transcrição seja não só assegurada como revista por profissionais competentes.
Na wescribe todos os transcritores e revisores são sujeitos a avaliação. Os transcritores recebem feedback por cada transcrição feita e são penalizados em caso de erros recorrentes pelo que apenas os melhores e mais capacitados asseguram as suas transcrições de áudio.
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